Politização e profissionalização dos cargos dirigentes: contexto, modelos, vantagens e inconvenientes. Caso de São Tomé e Príncipe
Politização e
profissionalização dos cargos dirigentes: contexto, modelos, vantagens e
inconvenientes.
Caso de São Tomé e Príncipe
“não existe um país desenvolvido com uma administração pública
ineficiente, assim como, não existe um país em desenvolvimento com uma
administração pública desenvolvida”.
“não existem políticas públicas eficazes com a uma
administração pública ineficaz”.
A administração pública, em todo o mundo tem estado sujeito a
um conjunto pressões, externas e internas, no sentido de se reformarem e se
modernizarem. Isto e, há um movimento a escala mundial para uma nova
administração publica. Uma administração publica mais eficiente, voltada para
resultado e sobretudo a serviço de cidadão, e a administração publica
são-tomense não é exceção a esta tendência mundial.
Fazendo uma analise a administração publica são-tomense no
que toca a temática de politização e
profissionalização dos cargos dirigentes diríamos que:
A atividade da administração publica são-tomense está
submetida a lei do estado de direito na medida em que o âmbito, as atribuições
e as competências dos diferentes serviços estão definidas n um conjunto de legislações
nacionais, em que se destacam a própria Constituição da republica, Lei 1/2003, o
Estatuto da Função Publica, Lei 5/97 e demais leis.
A administração publica são-tomense pauta pelo principio de neutralidade
e imparcialidade (ver artigo nº 3 da lei 5/97 “No
exercício das suas funções, os funcionários públicos e agentes do Estado estão
exclusivamente ao serviço do interesse público, subordinados à Constituição e à
Lei devendo ter uma conduta responsável e ética e actuar com justiça,
imparcialidade e proporcionalidade, no respeito pelos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos.”). Todos os cidadãos, nacionais e estrangeiros são tratados
de forma igual pela administração publica.
Embora ainda muito presa aos processos e procedimentos e não esteja
devidamente consolidada e generalizada uma visão do serviço público, a administração
publica são-tomense está cada vez mais centrada na satisfação das necessidades
dos cidadãos (e.g., introdução do orçamento cidadão).
A semelhança de maioria das administrações públicas mundiais,
a administração publica são-tomense também faz face ao fenómeno de escassez de
recursos e pressão sobre a despesa pública. Pelo que cada vez mais, torna-se
necessário encontrar formas mais inovadoras e criativas de financiamento das atividades
da administração pública.
Está em curso uma reforma para introdução da “e-government”,
ou seja, a governação eletrónica. Essa reforma é de vital importância na medida
que ira permitir uma melhor informação e transparência da A.P, e melhorar a
relação A.P e os cidadãos.
A.P são-tomense ainda não está totalmente livre de pressões e
de interesses de grupos, em muitos casos não há uma independência da
administração e continuidade das ações administrativa. Pelo que impõe melhorar
o funcionamento da administração e evitar avanços e recuos resultantes das
alterações de estratégias e de politicas que se verificam cada vez que mudaum
ministro.
Cada vez mais, devido as pressões quer internas, quer
externas, e.g., evolução de tecnologias de informação e comunicação, sociedade
civil organizada, globalização. A administração pública são-tomense vem
sofrendo pressão para maior prestação de contas.
Neste quadro, são elaborados relatórios balanço trimestrais de
implementação do plano de atividade de cada serviço e anualmente se elabora o relatório
de contas do Estado, onde não só são evidenciados os gastos públicos, bem como
os resultados obtidos.
A A.P são-tomense tende cada vez mais a adaptar aos processos
e procedimentos, mecanismos de formulação, gestão e avaliação de políticas públicas
universais
A administração publica é estrutura intermedia e executora do
programa do governo, como tal deve seguir orientações políticas, estratégias de
força politica no poder. Embora deve, igualmente, preservar e ter capacidade de
adequar os programas do governo aos problemas reais, de operacionalizar as
medidas de politicas de modo a que atendam os problemas reais dos cidadãos e se
atinja resultados concretos.
A organização estatutária da função do dirigente em São Tome
e Príncipe enquadra-se, regra geral, numa tipologia clássica de sistema de
carreira. Combinado com o sistema de emprego, na media em que podem ser
recrutados dirigentes fora de carreira dos serviços.
Pontos fortes e fracos da
função de direção em São Tomé e Príncipe
A função dirigente é flexível na medida em que o recrutamento
e demissão dos dirigentes ser feito de forma muito simples, com todas as suas desvantagens,
nomeadamente, elevada discricionariedade do poder político, imparcialidade e
descontinuidade de ação e dependência excessiva do poder politico.
Gestão por objetivos – ainda não existe uma cultura de gestão
baseada em resultados. Porem nos últimos anos tem se vindo a adotar medidas
visando uma programação e gestão centrada na avaliação de resultados.
Formação e capacitação dos quadros da administração pública
tem sido uma constante nos programas de sucessivos governos. Embora a sua
concretização não seja implementada de forma coerente e consistente com as
estratégias de desenvolvimento de meio e longo prazo do país.
A nomeação dos cargos dirigentes, nomeadamente, dos diretores
gerais é feita pelo despacho conjunto do primeiro ministro e o ministro de
tutela, o que permite o escrutínio do chefe do governo aos currículos e perfis
dos dirigentes.
Existem no nosso ordenamento jurídico várias leis que regulam
o processo de nomeação e atuação dos cargos dirigentes (lei 5/97, Lei 1/97 Estatuto
remuneratório de titulares de cargos políticos e especiais, Lei 2 /97 Estatuto
remuneratório do regime geral da função publica, Lei n.º 7/2014, que responsabiliza
os Titulares de Cargos Políticos e de Altos Cargos Públicos etc).
O mandato dos dirigentes não tem tempo determinado, porem
normalmente cessam com a mudança do governo. Fato que não assegura a
continuidade do serviço público, consolidação de uma visão de medio e longo
prazo e sobretudo, não compromete os dirigentes com o futuro.
Demasiada abertura no recrutamento. O facto de os dirigentes
poderem ser recrutados fora da administração pública acarreta risco elevado,
nomeadamente de influencia externas, elevada politização dos cargos dirigentes.
Em São Tomé e Príncipe não existe uma alta função publica. Isto
é, não existe uma bolsa de quadros técnicos altamente capacitados, credíveis e
de mérito que possa constituir mola impulsionadora para o desenvolvimento da
administração publica.
A existência de grupo desse género poderia de facto funcionar
como uma garantia adicional de competência e mérito, como um viveiro de
talentos e competências a desenvolver para um melhor serviço público.
Nos últimos anos, a adoção de soluções de instituto público
por regime de empresa pública, tem sido veiculado nos discursos dos governantes.
Conclusão recomendação
Do nosso ponto de vista o atual estatuto da função dirigente
não tem muitas valências que permitiriam os dirigentes colaborar mais ativamente
na construção de uma nova administração pública.
A garantia de mérito ainda não é assegurada no processo de
recrutamento e seleção.
O mandato dos dirigentes e a elevada flexibilização no processo
de nomeação e despedimento.
Não existe um pool de quadros altamente qualificados para
recrutamentos futuros, constituindo um grupo de potenciais candidatos de forma
a assegurar a elite preparada para o futuro.
A formação dos recursos humanos deve ser melhor alinhada com
prioridades e estratégias de desenvolvimento do país.
Necessidade de estabelecer relação remuneração/avaliação, uma
remuneração ligada a performance, sobretudo, para os cargos dirigentes deve ser
objeto de analise.
É necessário impulsionar o profissionalismo e garantir a
neutralidade politica na administração pública são-tomense. Por outro lado, é
necessário reforçar uma governação integrada que promova a ação coordenada e
eficiente de todos os intervenientes, públicos e privados na resposta aos
problemas que garantam soluções transversais.
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