Apostas estratégicas para a competitividade de São Tomé e Príncipe

Apostas estratégicas para a competitividade de São Tomé e Príncipe 

As prioridades de intervenção para que São Tomé e Príncipe prossiga uma estratégia de competitividade apontam de forma unânime para o reforço da qualificação dos recursos humanos e a governação. 
São Tomé e Príncipe tem uma situação de partida benéfica, pois tem um conjunto de condições favoráveis que podem ser exploradas, do ponto de vista geográfico e dos recursos naturais e.g., mar, solo, floresta, clima, paz, etc. A posição geográfica é sem dúvidas, um factor fundamental, uma oportunidade enorme a ser explorada. Pois, do nosso ponto vista São Tome e Príncipe poderia e deveria ter ali um conjunto de funcionalidades a montante e a jusante da economia do petróleo na sub-região e não só.

A amenidade do ambiente político e social, a paz e segurança são factores digno de realce e de promoção da imagem do país. Com um extenso território marítimo, a competitividade do país passa, necessariamente pelo desenvolvimento de actividades do mar e por valorizar o mar como fonte de riqueza económica. 
Trata-se de aproveitar os recursos endógenos, recursos ligados a natureza, ligados ao mar, ligados ao turismo. E qualificar esses recursos de modo a que sejam atractivos para que as pessoas possam ir para São Tomé e Príncipe, investir e mesmo viver. 

Do nosso ponto de vista, São Tome e Príncipe tem um grande problema - falta de massa crítica, de dotação dos recursos humanos. Qualificação dos recursos humanos, significa neste contexto, capacidade de interpretar a realidade envolvente e de intervir sobre ela. Por isso, a qualificação dos recursos humanos, o reforço da capacidade de decisão e de empreendedorismo, i.e., endogeneização da decisão é fundamental. 

A prioridade nacional deveria ir no sentido de se obter uma elevada qualificação dos recursos humanos, i.e., fazer com que houvesse pelo menos um segmento da população que estivesse ao melhor nível de formação em termos internacionais, na medida em que um país como São Tomé e Príncipe nunca irá se desenvolver pela via da mão-de-obra barata, mas sim, pela especialização, pela diferenciação e distinção, portanto, terá que se desenvolver a partir da grande capacidade e qualidade dos seus recursos humanos.

São Tomé e Príncipe deve reforçar o seu capital social a nível internacional, ou seja, é necessário que os recursos humanos são-tomenses tenham intensos contactos com entidades exteriores, exactamente por uma questão de aprendizagem e imitação. É necessário dar um certo cosmopolitismo aos recursos humanos, numa perspetiva de terem uma visão do que se faz e de como se faz noutros territórios, de terem relações, de poderem estabelecer facilmente contactos para obter e atrair todos os tipos de recursos, nomeadamente financeiros, científicos, institucionais, etc, para o país. 

É imprescindível a inserção do país nas redes de conhecimento internacional, para quebrar barreiras e o isolamento. Aqui, as tecnologias de informação e comunicação são talvez o maior facilitador para a inserção nessas redes de conhecimento. Neste sentido, é fundamental o aprofundamento do relacionamento com grupos de países onde se insere. São Tomé e Príncipe faz parte da CPLP, portanto é importante o aprofundamento das relações com os países lusófono, sem descorar no entanto o aprofundamento de relações com outros grupos de países, outras redes de conhecimento.

Outra prioridade para São Tomé e Príncipe, do nosso ponto de vista, e que está relacionada com os aspectos acima mencionados, prende-se com a governação, com a capacitação institucional, com a afirmação do Estado e com afirmação da dimensão política. Quando falamos de capacitação institucional, estamos a falar, por um lado, de um quadro regulamentar em que se conheça onde e como as instituições actuam e, por outro, de ter instituições com meios técnicos e humanos apropriados, isto é, a capacidade que as instituições têm de intervir de forma qualificada naquilo que são as políticas públicas. Está demonstrado que não há política pública de apoio ao desenvolvimento com alguma eficácia se não houver capacitação das instituições. 

A atração de investimento privado estrangeiro dirigido a sectores específicos como o turismo é outra acção prioritária. São Tomé e Príncipe tem um potencial relativamente enorme para o desenvolvimento do turismo diferenciado e com qualidade. 

Como dissemos acima, São Tomé tem, do ponto de vista dos recursos naturais, uma situação única, por isso, deve aproveitar bem aquilo que a natureza lhe ofereceu, e neste caso, aproveitar bem as condições de um certo exotismo para o desenvolvimento do turismo. O país pode ser distinguido no turismo, mas é preciso uma estratégia de valorização para o efeito, que tenha em conta as histórias do património, da cultura e a salvaguarda ambiental. Tem que haver uma política pública de desenvolvimento turístico sustentável. Ou seja, um turismo diferenciado, não um turismo de massa, mas dirigido à um nicho específico, mais ligado à natureza, à identidade cultural, às antigas roças coloniais, etc., de modo a que as pessoas que visitem as ilhas possam participar da historia do país, conheçam o património, as práticas culturais, etc., mas balanceando isso com um desenvolvimento de turismo de elevada qualidade. 

Neste quadro, é igualmente relevante a questão da imagem externa do país, porque ninguém vai para um país onde a imagem que se passa para o exterior não é muito boa. Por isso, trabalhar a imagem do país é extremamente relevante. É preciso divulgar o que de melhor, de singular se pode oferecer, irrepetível noutra parte do mundo, e usar redes no exterior, nomeadamente as embaixadas, para promover esse fim. 

Wilson Bragança

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