Quem são os Gajos
QUEM SÃO OS GAJOS?
Ao longo desses 32 anos de independência, o país tem sido estropiado. Muitos foram e continuam a ser dirigentes desse país desde a altura da independência, alguns, bem identificados, nunca fizeram mais nada na vida, outros bem pode dizer-se que a sua profissão é ser ministro. No entanto, continua-se sem saber quem são os culpados, os responsáveis pelo descalabro do país. Não obstante poder se traçar uma linha recta entre aqueles que foram dirigentes e aqueles que demonstram sinais exteriores de riquezas sem outras justificações plausíveis, continua-se sem saber quem são os “gajos” que deram cabo desse país. Isto apesar do recente relatório da Transparência Internacional apontar São Tomé e Príncipe como um dos países mais corruptos do mundo, os “gajos” continuam sem ser identificados e punidos.
Em várias conversas tidas em diversos fóruns, constata-se que parece ser sempre difícil emitir uma opinião objectiva, uma análise fria e distanciada sobre quem são os gajos. Existe um clima de clara desresponsabilização, que começa desde o mais alto nível das instituições da cadeia do poder, dada a incapacidade de esta tomar as medidas de punição aos gajos. Em muitos casos, estas instituições são mesmo utilizadas apenas para branquear situações, apagar erros ou proteger interesses, não resultando na responsabilização efectiva dos gajos. Muitas vezes faz-se pressão, há jogos de poder, imposições vindas de cima para ilibar os gajos de um eventual crime de corrupção, capturando-se os esforços daqueles que tentam fazer o seu melhor e fazendo com que os resultados fiquem condicionados.
É de domínio público que várias comissões de inquéritos são nomeadas, mas as conclusões são sucessivamente rejeitadas até coincidirem com os interesses dos gajos, que permanecem desconhecidos, sendo que a competência técnica ou mesmo a plausibilidade da avaliação chega a ser desvalorizada.
A ausência de legislação adequada, a dificuldade em apurar responsabilidades quando estas envolvem a elite política e questões tão complexas como a falta de determinação de procedimentos adequados, de regulamentação ou, simplesmente, de fiscalização, permite uma manifesta impossibilidade de determinar os culpados cuja actuação tem prejudicado o país e sobretudo, de os punir.
Obviamente, pode-se ir mais longe e chegar ao nível da responsabilização, mas a diluição, distribuição de eventuais culpas à medida que se sobe na hierarquia institucional torna mais vaga e difusa a responsabilidade e acaba por frustrar quaisquer tentativas de fazer justiça.
Assim, a culpa vai morrendo solteira e a corrupção vai sucedendo a corrupção como se estivéssemos diante de uma inevitabilidade ditada por uma má sina.
Há quem defenda que a culpa é de todos os cidadãos, é do colectivo. Não será esta, mais uma forma de diluição de responsabilidade e desviar a atenção sobre os gajos? Porque se a culpa é do colectivo então não é de ninguém, neste contexto, tudo é igual a nada, ou seja ninguém tem a culpa, não existe culpado, afinal, os gajos somos todos nós, todos nós andamos a “nhónó”.
A culpa não é do colectivo, isso é desculpa para os infractores e responsáveis individuais.
Os gajos têm que ser responsabilizados individualmente pelos seus actos.
Até quando vamos continuar a assistir impávida e serenamente o país a desmoronar-se e os gajos a roubarem cada vez mais? Até quando vamos continuar a fazer de contas que não sabemos quem são os gajos, enquanto os gajos continuam a solta e culpa solteira?
Afinal, quem são os gajos???
Wilson Bragança
Ao longo desses 32 anos de independência, o país tem sido estropiado. Muitos foram e continuam a ser dirigentes desse país desde a altura da independência, alguns, bem identificados, nunca fizeram mais nada na vida, outros bem pode dizer-se que a sua profissão é ser ministro. No entanto, continua-se sem saber quem são os culpados, os responsáveis pelo descalabro do país. Não obstante poder se traçar uma linha recta entre aqueles que foram dirigentes e aqueles que demonstram sinais exteriores de riquezas sem outras justificações plausíveis, continua-se sem saber quem são os “gajos” que deram cabo desse país. Isto apesar do recente relatório da Transparência Internacional apontar São Tomé e Príncipe como um dos países mais corruptos do mundo, os “gajos” continuam sem ser identificados e punidos.
Em várias conversas tidas em diversos fóruns, constata-se que parece ser sempre difícil emitir uma opinião objectiva, uma análise fria e distanciada sobre quem são os gajos. Existe um clima de clara desresponsabilização, que começa desde o mais alto nível das instituições da cadeia do poder, dada a incapacidade de esta tomar as medidas de punição aos gajos. Em muitos casos, estas instituições são mesmo utilizadas apenas para branquear situações, apagar erros ou proteger interesses, não resultando na responsabilização efectiva dos gajos. Muitas vezes faz-se pressão, há jogos de poder, imposições vindas de cima para ilibar os gajos de um eventual crime de corrupção, capturando-se os esforços daqueles que tentam fazer o seu melhor e fazendo com que os resultados fiquem condicionados.
É de domínio público que várias comissões de inquéritos são nomeadas, mas as conclusões são sucessivamente rejeitadas até coincidirem com os interesses dos gajos, que permanecem desconhecidos, sendo que a competência técnica ou mesmo a plausibilidade da avaliação chega a ser desvalorizada.
A ausência de legislação adequada, a dificuldade em apurar responsabilidades quando estas envolvem a elite política e questões tão complexas como a falta de determinação de procedimentos adequados, de regulamentação ou, simplesmente, de fiscalização, permite uma manifesta impossibilidade de determinar os culpados cuja actuação tem prejudicado o país e sobretudo, de os punir.
Obviamente, pode-se ir mais longe e chegar ao nível da responsabilização, mas a diluição, distribuição de eventuais culpas à medida que se sobe na hierarquia institucional torna mais vaga e difusa a responsabilidade e acaba por frustrar quaisquer tentativas de fazer justiça.
Assim, a culpa vai morrendo solteira e a corrupção vai sucedendo a corrupção como se estivéssemos diante de uma inevitabilidade ditada por uma má sina.
Há quem defenda que a culpa é de todos os cidadãos, é do colectivo. Não será esta, mais uma forma de diluição de responsabilidade e desviar a atenção sobre os gajos? Porque se a culpa é do colectivo então não é de ninguém, neste contexto, tudo é igual a nada, ou seja ninguém tem a culpa, não existe culpado, afinal, os gajos somos todos nós, todos nós andamos a “nhónó”.
A culpa não é do colectivo, isso é desculpa para os infractores e responsáveis individuais.
Os gajos têm que ser responsabilizados individualmente pelos seus actos.
Até quando vamos continuar a assistir impávida e serenamente o país a desmoronar-se e os gajos a roubarem cada vez mais? Até quando vamos continuar a fazer de contas que não sabemos quem são os gajos, enquanto os gajos continuam a solta e culpa solteira?
Afinal, quem são os gajos???
Wilson Bragança
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